PIB deve cair 4% em 2016, mas 'sensação térmica' é pior, prevê Itaú
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira que a projeção da instituição é de queda de 4% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas que a "sensação térmica" é pior, já que este número leva em conta a contribuição do setor externo, que será positiva.
"O mercado doméstico tem uma queda maior de PIB do que esses 4%, a absorção doméstica está caindo mais. Se a contribuição do setor externo é positiva em 1%, podemos dizer que a 'sensação térmica' interna é de queda de cerca de 5%", comentou.
Esse é um dos fatores - juntamente com o ambiente global deflacionário - que levam o Itaú a estimar três cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic no fim deste ano, mesmo com uma projeção de 7% de inflação em 2016. Questionado se esse afrouxamento na política monetária poderia ser antecipado, Goldfajn comentou que a sinalização atual do Banco Central é de manutenção dos juros, "então a nossa projeção de redução nos juros no segundo semestre está de bom tamanho".
O economista do Itaú Felipe Salles comentou que, desde o pico em março de 2014, o PIB já caiu 7,5% e deve recuar mais 2% este ano. Um dos fatores que vão colaborar para isso é a forte retração na formação bruta de capital fixo, que deve encolher 13%. "Consumo e investimento, que são os maiores motores do PIB, continuam caindo", comentou.
Mesmo assim, ele vê algum sinal de melhora incipiente nos dados mais recentes, com a confiança da indústria começando a subir. Um dos motivos para isso é o ajuste nos estoques, que continuam excessivos, mas vêm caindo. "De qualquer forma, já temos contratada uma queda de pelos menos 3,5% do PIB este ano, então, se houver algum viés para nossa projeção de -4% em 2016, ele é, no máximo, neutro", afirmou, descartando um maior otimismo com a recuperação brasileira.
Goldfajn disse que a crise política e fiscal, que foi o maior motivo para a queda do PIB em 2015, também é a principal responsável pela contração da economia este ano "e possivelmente até em 2017". Para o economista, é preciso rediscutir o tipo de Estado que se deseja. "Temos de rediscutir muitos benefícios. Existem gastos obrigatórios que não estão mais cabendo nas contas públicas", afirmou. "O maior risco para o Brasil é o fiscal, é não conseguir estabilizar a dívida púbica", acrescentou.
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