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quinta-feira, 10 de março de 2016

Fukushima tem melhoras visíveis, mas grandes desafios

Membro da Tokyo Electric Power mede nível de radiação na plataforma de Fukushima

 Passados cinco anos da catástrofe nuclear de Fukushima, a usina localizada na cidade japonesa obteve melhoras visíveis e avanços no controle de vazamentos radioativos, embora ainda haja um longo e complexo processo de recuperação pela frente.

Dentro das instalações nucleares quase não restam impressões de uma das piores crises atômicas da história - causada por um terremoto e posterior tsunami em 11 de março de 2011 - além dos operários com roupas anti-radiação e das excepcionais medidas de segurança para permitir a entrada no local.

Um dos progressos mais notáveis do último ano é que, graças às tarefas de limpeza e descontaminação da usina, os níveis de radioatividade ambiental caíram de forma significativa.

Os 6,8 mil funcionários que trabalham a cada dia em Fukushima Daiichi podem realizar suas tarefas sem a necessidade de usar uma máscara facial completa em 90% das instalações nucleares, segundo dados da empresa proprietária, a Tokyo Electric Power (TEPCO).

O fato de usar apenas uma máscara que cobre nariz e boca - além do obrigatório traje anti-radiação - "lhes permite trabalhar com menos calor, menos esforço e se comunicar melhor entre si", explicou Juiichi Okamura, porta-voz da companhia.

Cada funcionário recebe uma dose mensal média de radiação de 0,5 a 0,6 milisieverts, segundo dados da TEPCO.

A empresa afirma que nenhum trabalhador chegou nos quatro últimos anos ao limite anual de radiação acumulada de 50 milisieverts, fixado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A cerca de 100 metros dos reatores 1, 2 e 3 - os que foram mais afetados pelo tsunami -, os medidores de radioatividade apontam entre 70 e 100 microsieverts por hora (entre 0,07 e 0,1 milisieverts), e perto deles chegam a 170 microsieverts.

Os trabalhadores dispõem de um novo edifício dentro da usina com quartos e áreas comuns onde podem descansar e dormir, além de de uma cantina que serve alimentos "produzidos e elaborados em Fukushima" com o objetivo de "dissipar os rumores de que a comida originária da cidade seja perigosa".

Uma conhecida franquia no varejo japonesa abriu dentro do complexo da usina um pequeno supermercado onde é vendida desde comida pré-cozida até roupas íntimas e outros produtos de uso diário.

Há dois anos ainda era possível ver montanhas de escombros espalhadas pela central, além de encanamentos, cabos e vigas retorcidas nos reatores como vestígios do tsunami de março de 2011 e das explosões posteriores.

Em um edifício próximo à unidade número 3, uma marca na fachada de cerca de 10 metros de altura sobre o nível do mar ainda mostra até onde chegou a onda gigante que pôs em xeque a central japonesa e causou a pior crise nuclear desde a de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.

Entre as obras recém-terminadas destaca-se o novo piso de cimento de todo o terreno da usina para torná-lo impermeável à chuva e evitar, portanto, que a água arraste elementos radioativos para o oceano Pacífico.

A isso se soma uma barreira marinha próxima da usina e um sistema de drenagem subterrâneo, medidas com as quais a TEPCO conseguiu conter o acúmulo de água contaminada no complexo nuclear.

Na central estão instalados cerca de 800 mil tanques (cada um com uma capacidade de mil metros cúbicos) onde é armazenada água com diferentes níveis de radioatividade, e estima-se que há capacidade máxima para cerca de 950 mil recipientes deste tipo.

Este acúmulo de líquido radioativo é ainda um dos grandes desafios para os responsáveis pela usina e as autoridades japonesas que seguem sem definir o que fazer com esta enorme quantidade de água a longo prazo.

Por outro lado, a TEPCO prevê começar por volta de 2017 a retirada de combustível dos reatores 1 a 3, uma tarefa de alto risco e de elevada complexidade técnica devido às doses mortais de radiação registradas dentro destas unidades, e que até o momento nunca foi realizada nestas condições.

O desmantelamento da central deve durar de 30 a 40 anos, e seu custo total - acrescentando compensações às pessoas que tiveram que deixar suas residências devido ao acidente, entre outras despesas relacionadas - está estimado de 8 a 13 trilhões de ienes (até 104 bilhões de euros), segundo a TEPCO e especialistas japoneses independentes.

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