Delação de Delcídio não acelera expulsão, diz Falcão
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta quinta-feira, 3, que as notícias do suposto acordo de delação do senador Delcídio Amaral, ex-líder do governo no Senado, não têm impacto sobre o processo de análise de possível expulsão do parlamentar do partido.
Segundo o dirigente, a comissão - de três integrantes ainda a serem apontados pela legenda para analisar o caso - o fará com base em fatos e não em clima político.
"Não acelera nem desacelera. Eles vão examinar os fatos e não o clima", afirmou Falcão. Segundo o presidente do PT, não há um prazo fixado, mas ele espera que a questão da expulsão de Delcídio seja resolvida daqui a dois ou três meses.
Rui Falcão não quis se pronunciar sobre o processo de cassação de Delcídio na Comissão de Ética do Senado. O presidente do PT afirmou apenas que o processo deve ser encaminhado "normalmente" na Casa.
Depois de se reunir com o ex-presidente Lula na capital paulista, Rui Falcão destacou a jornalistas que Delcídio está suspenso e que, portanto, não é neste momento considerado um filiado do Partido dos Trabalhadores.
O dirigente petista também questionou a credibilidade de Delcídio ao lembrar que ele foi preso preventivamente pela Lava Jato depois de ser gravado negociando uma fuga para o exterior do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró - também preso na Lava Jato.
Na conversa gravada, Delcídio dava a entender que poderia influenciar ministros do Supremo, como Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Edson Fachin.
"Se é verdade que ele fez as declarações que estão mencionando por aí, não merece nenhuma credibilidade, porque nunca o presidente Lula fez qualquer tipo de tratativa como aquelas que são mencionadas e tampouco a presidente da República interferiu em nomeações", declarou Falcão.
O dirigente evitou falar sobre o teor de sua conversa com Lula nesta tarde. Na reunião, que ocorreu no instituto do ex-presidente, Falcão disse não ter tratado do tema Delcídio, mas apenas falado sobre questões do PT.
O presidente do partido disse que ele e Lula falaram sobre as repercussões da festa de aniversário do PT na semana passada, no Rio, e sobre o projeto do partido de fazer uma conferência para discutir os rumos da economia - a proposta de realizar o encontro foi aprovada na reunião do diretório nacional do PT realizada também na semana passada na capital fluminense.
A revista IstoÉ divulgou nesta quinta-feira os detalhes da delação de Delcídio, que teria 400 páginas.
O senador citou vários nomes, entre eles os da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos.
Segundo Delcídio, teria partido de Lula a ordem para que o senador tentasse convencer o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a não implicar o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, em uma eventual delação premiada.
A delação de Delcídio também traria informações de que a presidente Dilma Rousseff teria tentado intervir ao menos três vezes na condução da operação Lava Jato.
Uma das investidas da presidente Dilma, segundo o suposto conteúdo da delação de Delcídio, passaria pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"Tal nomeação seria relevante para o governo", pois o nomeado cuidaria dos "habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ", informou a IstoÉ.
As revelações do ex-líder do governo fazem parte de um documento preliminar da colaboração, que aguarda homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
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